Das coisas que tenho em mente para uma boa vida, uma delas é nunca ser a sombra de ninguém. Todas as vezes que houveram essas tentativas, eu percebi e flui. Sou livre para criar meu trajeto, forte para seguir em meio às adversidades, esperta para perceber as mazelas humanas e suficiente para ir comigo mesma. Isso também não implica em querer estar acompanhada, afinal, nascemos sozinhos, mas o amor é muito mais forte quando podemos olhar o horizonte por diversos ângulos e o ângulo do outro é demasiadamente importante.
Somos feitos de uma completude que nos faz sentir sozinhos, essa carência cria relações que muitas vezes não são saudáveis, ficamos dependentes da atenção que o outro pode nos proporcionar, criando aquelas expectativas que machucam, martirizam os corações. E falasse muito de amor próprio, de auto aceitação e afins, porém o que ninguém vê é que dentro do coração de cada pessoa carente existe uma necessidade de ser acolhido, essa acolhida demora muitos tempos para ser aceita, alguns não a alcançam, pois deve ser feita por nós mesmos. Quando aceitamos nossa situação como ser humano vivente deste planeta, fica mais fácil ser amado, contudo não se deve criar expectativas quanto a isso também, pois o outro não tem nenhum compromisso em te aceitar e amar “para sempre”. É um ciclo contínuo de busca pelo autoconhecimento, onde nem mesmo eu sou capaz de estar livre dos perigos das tangentes.
Eu digo, foram muitos anos dividindo laços afetivos com pessoas que um dia deixaram claro que eu não era prioridade (eu nem deveria ser afinal...kkk). Hoje eu entendo, aceito, eles não tinham obrigações comigo, eles tinham obrigações consigo mesmo, estavam certos e me ensinaram isso. Por sorte sempre fui aquela apegada/desapegada, nunca deixei de fazer algo sozinha à espera de alguém. Quando pude viajar... viajei. Sim, fui em várias viagens sozinha, sem amores, sem amigos, sem família, foi um momento só meu de construção, de vivência. Quando pude construí… eu construí, criei empresas, projetos, coloquei no papel, executei, calculei, tive prejuízos e muitos ganhos. E quando pude fluir, eu flui, fiz da minha dor arte, da minha liberdade sorrisos, do meu elo com o universo um grande centro de conhecimento e autoaceitação. Isso não se prevalece apenas de relações amorosas, como também de amizade, familiares, de pessoas do trabalho e afins. Todos no mundo tem como única obrigação se encontrarem e sentirem o quão completos são.
Quando você se completa, você pode enfim transbordar. Quando no centro do seu coração você encontrar o amor a si mesmo, eu garanto uma coisa: tudo vai encaixar de uma forma fenomenal, cada desejo inconsciente será realidade, pois o mais importante você carregará consigo para sempre: o seu eu.
Pam Lisboa, 31 de julho de 2018.